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Control - Criativo, estiloso e bem morno de vez em quando
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Control - Criativo, estiloso e bem morno de vez em quando
Veredito: Recomendo com ressalvas.
Nota Final: 3.0/5.0–
Control é um action-adventure de 2019 que abusa de elementos de mistério, ficção científica e teorias da conspiração, com grande parte do charme do jogo derivando da engenhosidade que essa mescla é feita. Infelizmente o caldeirão de influências não é suficiente para sustentar o jogo no longo prazo por diversos fatores, como o baixo carisma dos personagens principais, o sistema de combate artificialmente difícil e pouco diverso e, conforme progredimos no jogo, o esmaecimento da deliciosa sensação de estar dentro de um enigma além da compreensão humana. Mas durante um certo tempo tudo isso funciona muito bem no nível narrativo e visual e quiçá justifica o investimento.
Será que o port para Mac chama Command?
A narrativa é encabeçada por Jesse Faden, uma jovem que está há anos procurando seu irmão, Dylan, sequestrado por uma agência governamental após um acidente críptico que ocorreu em sua cidade natal, Ordinary, quando eles eram crianças. Em sua busca Jesse finalmente encontra o Federal Bureau of Control (Departamento Federal de Controle), um prédio aparentemente abandonado que só permite a entrada de quem procura por ele. Jesse descobre que uma catástrofe acometeu o local, que está sob o jugo de um fenômeno denominado The Hiss (O Chiado), convertendo os trabalhadores do prédio em figuras flutuantes e catatônicas entoando um cântico desconexo ou, eventualmente, em inimigos perigosos e distorcidos. No caos decorrente, a infraestrutura da agência deixa de funcionar e os diversos objetos sencientes e poderosos que o prédio continha – inclusive o artefato responsável pelo acidente em Ordinary – escapam de seu confinamento, aumentando a bagunça. Cabe a Jesse parar o Hiss, dominar os objetos e salvar os ocupantes que não foram afetados, tudo isso enquanto investiga e reconstrói a história do departamento e a sua própria, aprendendo que ambas estão ligadas de formas mais profundas do que ela jamais poderia imaginar.
Quase tão sinistro quanto meus colegas de trabalho.
História: 3.5/5.0
Conceitualmente, Control tem elementos muito interessante operando de forma bem azeitada a seu favor. A mistura de estilos cria uma sensação constante de estar lidando com forças muito maiores do que qualquer pessoa é capaz de conter e as explicações são poucas e esparsas, mas suficientes para que o jogador, intrigado, queira prosseguir. Os mais velhos talvez se lembrem do seriado Lost, que constantemente desafiava nossa sanidade com a a sua narrativa, e Control lança mão dos mesmos recursos com o mesmo sucesso. Porém, a Jesse é um inegável porre. Sim, ela tem remorso e preocupação para com o irmão perdido, mas o porquê disso demora para ser explorado em detalhes de forma que quando essa peça do quebra-cabeça se encaixa a protagonista já conquistou a antipatia do jogador. Sobra para os personagens secundários carregarem o carisma nas costas e isso eles fazem quase todos muito bem, tanto na atuação (Control conta com diversas partes filmadas que, pela forma como são entregues, não causam estranhamento com o 3D do jogo) como pelos elementos narrativos que desvelam.
A história principal de Control é complementada por um mundo onde diversos outros acontecimentos e fenômenos estranhos e incompreensíveis são parte da rotina do mundo, mas sempre acobertados pelo FBC, sigla do departamento. Explorar essa parte do jogo é opcional mas é o que recheia a trama e ambienta o jogador dentro do prédio, que é onde – spoiler – ocorre o jogo todo. Se isso parece detrimental, creia que não é pois o prédio, assim como os objetos, também é senciente e sofre com o Hiss. Como um organismo infectado ele se distorce e dificulta a progressão, criando interessantes reflexões sobre o tema central do jogo: controle (duh!).
Porém, como já dito, esse senso de mistério vai sumindo com o progresso do jogo e no terceiro terço a sensação de perigo, desconhecido e incompreensão dá lugar a uma trama e ambiente previsíveis e frígidos que nos levam a um final nada recompensador, que faz questão de explicar coisas irrelevantes e poucas de uma forma muito ruim e deixa os principais enigmas em segundo plano – e talvez isso seja um dos grandes acertos da história pois dá margem para que continuemos ponderando e reinterpretando os elementos surreais.
Misteriosamente misterioso.
Jogabilidade: 2.0/5.0
De forma geral, o jogo se divide entre exploração e combate. A exploração consiste em coletar diversos itens que ou atuam como power-ups ou como documentos (páginas, áudios e vídeos) do FBC que foram espalhados na confusão do Hiss. Grande parte da história principal e secundária é contada por essa mecânica que muito raramente torna-se enfadonha pela forma não-linear que nos são descritos os eventos sobrenaturais além da lógica, então cabe a nós o exercício de detetive de conectar as pontas.
Já o combate brilha muito menos. As lutas quase sempre consistem em ser rodeado por ondas de inimigos ou muito burros ou com uma mira ridiculamente precisa e todos causam muito dano. A força deles vem em números, e só. Você conta com um arsenal de poderes psíquicos que variam muito pouco conforme o jogo avança e que, numa curva quadrática, te tornam tão forte no fim do jogo que o combate que era frustrante torna-se apenas sem graça com exceção de assistir o ambiente ser destruído já que praticamente tudo no jogo é suscetível aos seus poderes.
Tanto combate quanto exploração acontecem dentro do FBC de uma forma meio metroidvania, pois é certeza que você revisitará muitos locais várias vezes e poderá descobrir novidades com seus poderes, algo bastante satisfatório porque assim como a narrativa que sempre deixa algo no ar, aquela varanda muito alta para ser alcançada ou uma sala de reunião fechada e os mistérios que elas escondem ficarão na sua cabeça por um bom tempo até você poder voltar lá da forma correta.
O cenário é altamente interativo e quase tudo é destrutível.
Gráficos: 4.0/5.0
Control tem uma direção de arte suficientemente sólida no uso das cores, empregando os vermelhos, brancos e pretos de uma forma marcante. Mas o ponto alto é, sem dúvida, a arquitetura do FBC inspirada no movimento brutalista, que tem em si uma história muito interessante e visualmente se resume a uma estética estéril e com os materiais construtivos, como ferro, vidro e concreto, sendo o próprio acabamento.
Diversos locais no jogo são admiráveis, com formas retas e racionais mescladas a elementos orgânicos banhados pela aplicação sensível de luz e sombra dando um ar de requinte burocrático de uma repartição pública luxuosa. No entanto, o prédio do FBC é muito mais do que isso. Infectado pelo Hiss, ele se debate como um corpo febril: passagens se retorcem, blocos se movem sozinhos e o local ganha uma vida que não deveria ter, dando ainda mais personalidade à estética. O estúdio foi criterioso e exitoso no que construiu e o apelo visual do jogo se respalda fortemente nesse mérito. Com o elemento de exploração sendo altamente presente, é delicioso andar pelo FBC e ser desafiado pela lógica, pela física e pelas deslumbrantes paisagens.
Ignorando as atitudes moralmente questionáveis e a invasão extra-dimensional, dá até vontade de trabalhar aí.
Som: 3.0/5.0
Aqui, sinceramente, não tem muito o que falar. O jogo tem uma trilha sonora fisiológica nada memorável com exceção de uma música que, além de boa, é sincrética: sem mais detalhes para não estragar a incrível surpresa, mas pense em jogar um videoclipe interativo ao som de metal pesado em meio a toda a loucura estética do FBC.
Fora isso, a dublagem dos personagens é bem entregue, mas a escrita que as acompanha é um tanto quanto cafona em vários momentos e gera uma sensação de Versão Brasileira Álamo mesmo no original em inglês.
Acho que tá torto.
Replay: 4.0/5.0
Nesse quesito, a palavra de ordem é exploração: os muitos mistérios do FBC são opcionais e tem uma grande chance de manter o jogador intrigado, constantemente protelando a história principal para fuçar mil cantos do FBC em busca de um documento que explique algum mistério solto. Há side quests, mas elas são bastante mecânicas (mate tantos disso, colete tantos daquilo) com exceção de algumas poucas missões quase nada explicadas que tornam-se excelentes quebra-cabeças para o jogador persistente.
No final, Control recompensa a curiosidade de um leitor de Wikipedia que navega pelos hyperlinks buscando conexões entre os artigos. Se essa perspectiva te empolga, o jogo é um prato cheio e as descrições dos fenômenos são um tesouro escondido a céu aberto – embora num escritório confinado.
Vixe, bateu a brisa!
–
Conclusão
Control vai te deixar positivamente boquiaberto em muitos momentos, seja pela criatividade visual ou pelos temas conspiratórios da história. Para isso, no entanto, você precisará tolerar combates maçantes, diálogos por vezes sofríveis e uma protagonista sem sal, além de observar o charme do mistério incompreensível e sensação de perigo iminente diluirem conforme você conquista os mapas. Vale o esforço, mas não se empolgue pois o mais interessante permanece conosco além da tela em cada questão sem resposta, como o prazer estranho de indagarmo-nos numa noite de céu limpo se há algo além das estrelas e, se sim, se nos é destinado saber.
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